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Ano Jubilar de Santo António 2020 - Propomos recuperar os dois órgãos da Igreja de Santa Cruz

(Intervenção do vereador José Manuel Silva na reunião da Câmara de 7 de Outubro de 2019)



No próximo ano comemora-se o octingentésimo aniversário da ordenação sacerdotal de Santo António no Mosteiro de Santa Cruz, um ano que deve ser intensamente assinalado, quer do ponto de vista religioso, quer do ponto de vista laico e turístico.


De facto, tendo vindo para Coimbra como cónego regrante de Santo Agostinho para estudar no Mosteiro de Santa Cruz, que tinha a melhor biblioteca monacal de Portugal, foi em 1220, com apenas 25 anos, que Fernando de Bulhões foi ordenado sacerdote pelo arcebispo de Braga, D. Estevão Soares da Silva, e que terá celebrado a sua primeira missa, uma exceção de alguém verdadeiramente extraordinário, pois os crúzios não teriam o hábito de permitir que um sacerdote com menos de 30 anos celebrasse missa.


Não temos dúvidas que a Câmara irá colaborar intimamente com a Paróquia de Santa Cruz e a Diocese de Coimbra na preparação e digna celebração desse ano antoniano. Porém, gostaríamos de apresentar uma proposta concreta de prendas da Câmara por este notável octingentésimo  aniversário.


No passado dia 28 de Setembro, no âmbito das jornadas europeias do património 2019, o movimento Somos Coimbra, com as devidas autorizações, organizou e ofereceu à cidade um concerto no grande órgão histórico do Mosteiro de Santa Cruz, restaurado entre 2004 e 2008 com financiamento do Ministério da Cultura, através do então IPPAR.

Não obstante a pouca divulgação, o concerto foi um êxito, com a igreja praticamente cheia, o que denota a avidez das pessoas por este tipo de acontecimentos musicais. Quem não admira o magnífico e único som de um bom órgão de tubos? O pequeno excerto que divulgámos no FB do movimento Somos Coimbra já teve mais de duas mil visualizações.

Mas esta oportunidade também permitiu verificar como este extraordinário órgão histórico do século XVIII, com 3420 tubos (construído sobre o que restava de um órgão do século XVI), um dos mais notáveis exemplares da organaria portuguesa e peninsular, está a necessitar de uma extensa revisão para poder ser explorado todo o seu potencial musical.


O grande órgão de Santa Cruz, que pode e deve tornar-se num dos ex-libris de Coimbra,  é um “monstro de harmonia, excedendo nas circunstâncias, variedades e primores” os mais afamados da Europa, incluindo os de Hamburgo, de Pádua, de Trento e de Palência, como escreveu o mestre de capela e organista Dionísio da Glória, autor do respectivo memorial.


Para além deste, um outro pequeno órgão positivo do século XVII, de inequívoco interesse histórico, instalado na balaustrada do coro alto da igreja, está a necessitar de ser profundamente restaurado, pois nem sequer se encontra em estado de ser tocado.


O que queremos propor formalmente à Câmara de Coimbra é que, pela ocasião do octingentésimo aniversário da ordenação de Santo António e com os devidos protocolos, ofereça ao Santo, ao Mosteiro, a Coimbra e ao mundo, a revisão e restauração destes dois órgãos. Tocados regularmente em concerto, constituirão uma característica distintiva e um foco adicional de atração turística e religiosa de Coimbra.


Coimbra merece, o Panteão nacional de Santa Cruz merece, o turismo, a cultura e a música agradecem, os munícipes anseiam e a Câmara tem dinheiro. Sonhamos ver estes órgãos a tocarem diariamente e a divulgarem os compositores e os músicos de Coimbra.


Se esta Câmara não o fizer agora, fá-lo-á daqui a dois anos, sob governação do movimento Somos Coimbra.


Mais informações sobre o Jubileu dos 800 anos dos Mártires de Marrocos e de Santo António em:


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