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PORQUE É QUE OS ERROS DA ROTUNDA DO ARNADO VÃO SER REPETIDOS NA CRUZ DE CELAS? O trânsito vai piora


Intervenção da vereadora Ana Bastos, especialista em trânsito, na reunião da Câmara de 12/11/2018, insistindo na correcção dos erros que vão ser cometidos na Cruz de Celas. A Câmara responde com silêncio e obstinação...


Durante a semana Europeia da Mobilidade, esta Câmara Municipal, consignou os trabalhos relativos à empreitada para requalificação dos Caminhos pedonais Celas – Baixa, incluída no Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS) do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) de Coimbra. O projeto incide na requalificação e alargamento passeios do Largo da Cruz de Celas e das Ruas Augusto Rocha e Lourenço de Almeida Azevedo.

Um assunto que gostaríamos aqui de abordar prende-se com o cruzamento de Cruz de Celas. O que pode levar este executivo a reformular um cruzamento que até funciona bem, numa solução muito pior?

Não é seguramente para acomodar o corredor do MetroBus, que como vimos na última reunião do executivo, foi simplesmente ignorado nesta equação, nem tão pouco para melhorar a fluidez ou segurança, a qual sofrerá um decréscimo acentuado.

Sublinhe-se que a solução geométrica inclui um conjunto de erros técnicos que, a não serem corrigidos em fase de obra, acarretarão problemas sérios de segurança.

Por limitações de tempo, vamo-nos limitar a apontar 5 aspectos particulares:

  1. A eliminação da semaforização e a imposição de um sentido giratório obrigatório (alínea p) do art. 1.º do Código da Estrada - DL n.º 114/94, de 03 de Maio, com alterações da Lei n.º 72/2013, de 03/09), implica a garantia de condições de visibilidade, na aproximação, entrada e anel de circulação, inexistentes naquele cruzamento, já que os muros de vedação e as edificações contiguas, afetam de forma significativa a tomada de decisão, para entrada no anel. Embora e numa primeira fase, as árvores a serem plantadas na ilha central, pelo seu pequeno porte, se revelem inócuas, a prazo e com o seu crescimento, a sua presença trará relevantes condicionantes à visibilidade anel e à segurança;

  2. O alargamento do perfil transversal do trecho compreendido entre a rotunda da Av. Calouste Gulbenkian e o Largo de Cruz de Celas para 3x3, é incompatível com a formalização de apenas 2 vias no anel de circulação. Afinal para onde é canalizada esta 3ª via? Ou vamos voltar a usar a solução mal-amanhada de rebatimento adoptada na Avª Fernão de Magalhães/rotunda do Arnado? Será que não aprendemos com os erros? É que não há regras procedimentais no Código da Estrada que definam a prioridade relativa entre os movimentos de confluência no anel, pelo que perguntamos se será a Câmara Municipal a assumir a responsabilidade pelos acidentes que aí vierem a ocorrer?

  3. A deficiente deflexão em algumas das entradas (R. Augusto Rocha e R. António José de Almeida) tenderá a induzir intuitivamente os condutores a entrar no anel, recusando ceder a prioridade aos veículos prioritários que aí circulam, aumentando a propensão para acidentes do tipo frente-lateral. Este problema é agravado pela inadequação dos ângulos de entrada que aumentará a gravidade desses embates.

  4. O respeito pela legislação em vigor, consubstanciada através do art. 14.º_A do Código da Estrada, obriga a que todos os veículos que optem pela via mais à direita, a saírem no primeiro ramo consecutivo. Deduz-se, desde já, a evolução das filas de espera na R. Augusto Rocha, quando a via da direita for afetada unicamente ao movimento de viragem para a Rua Gomes Freire.

  5. Sem prejuízo da solução arquitectónica proposta e da tentativa de serem criadas trajetórias diretas para os peões, importa sublinhar que este cruzamento se integra na rede estruturante urbana da cidade, onde se deve procurar privilegiar a circulação automóvel em detrimento da circulação de outros utilizadores. Houve o cuidado de avaliar o impacto da presença das duas travessias pedonais situadas no anel, na fluidez do trânsito? E o impacto na segurança desses peões? Refira-se que todos os manuais conceituados de boas práticas internacionais, recusam liminarmente a presença de travessias no anel de rotundas?

Sr. Presidente, ainda vai a tempo de corrigir um erro que em nada dignificará esta Câmara e esta cidade. O Somos Coimbra, recomenda seriamente que o Sr. Presidente reavalie a solução consignada, solicitando aos serviços técnicos um parecer e um estudo de tráfego que permita avaliar o funcionamento previsível da interseção. Desde já se recomenda que, tal reformulação geométrica, a avançar, seja devidamente provida de um sistema de semaforização, para defesa da fluidez e segurança dos diferentes utilizadores.


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