Fotografia do "Diário As Beiras"
A natural evolução da pandemia COVID-19 vai conduzir a um número elevado de casos nos próximos dias e a um aumento do número de internamentos de doentes COVID-19, de variável gravidade, e de doentes com outras patologias mas também positivos para a COVID-19.
Independentemente da intensidade do novo confinamento, que se recomenda que seja cirúrgico, a situação dos próximos cerca de 14 dias é determinada pelo que se passou nas últimas duas semanas e já deveria estar devidamente planeada.
A COVID-19 assola os sistemas de saúde de toda a Europa, é verdade, mas com diferente dimensão. No início da pandemia Portugal tinha apenas 6,4 camas de medicina intensiva por 100.000 habitantes, contra uma média europeia de 11,5 camas, e apenas 3,5 camas hospitalares por 1.000 habitantes, contra uma média europeia de 5,0. O SNS está em rutura também devido à ação de sucessivos governos, incluindo o atual.
Sobre a situação em Coimbra não há informação precisa, o que é preocupante perante o esvaziamento do Hospital dos Covões, a não construção da nova maternidade e a falta de investimento nos HUC.
Mas sabemos que faltam camas hospitalares para doentes COVID e não COVID. No CHUC assistimos ao sucessivo encerrar de enfermarias de várias especialidades para as transformar em enfermarias COVID, prejudicando ainda mais a assistência aos doentes não COVID.
Tem sido gritante a falta de capacidade de resposta dos Cuidados de Saúde Primários aos contactos dos doentes, até para a simples renovação de receituário. Recentemente assistimos ao encerramento parcial da extensão de Saúde de Souselas por falta de um administrativo, falha que teve de ser colmatada com a disponibilização de um administrativo pela Junta de Freguesia de Souselas e Botão, confirmando a importância de mais descentralização para as freguesias.
Para se poder responder aos doentes COVID sem abandonar os docentes não COVID, o Somos Coimbra exige:
A reabertura imediata do Hospital Militar de Coimbra, com utilização de todo o espaço e recursos técnicos e humanos disponíveis, permitindo a instalação de dezenas/centenas de camas para receber doentes com situação clínica menos complexa, COVID e não COVID, bem como situações de alta clínica que, por razões sociais, não permitem libertar camas hospitalares. É incompreensível, injustificável e inaceitável que, em situação de verdadeira guerra biológica, o Hospital Militar de Coimbra continue encerrado e que seja desconhecido qualquer planeamento nesse sentido, quer por parte do Governo, quer por parte das autoridades locais de Saúde.
A contratação de todos os profissionais de Saúde disponíveis para colaborar nesta fase transitória de maior pressão na resposta do SNS aos doentes não COVID.
A contratação de mais recursos humanos da área administrativa para melhorar a capacidade de resposta aos contactos dos doentes nos Cuidados de Saúde Primários.
Somos Coimbra,
13 de janeiro de 2020
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