Cartoon da autoria do Movimento Humor
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) gasta aproximadamente 2,3 milhões de euros por ano em iluminação pública, mas poderia gastar apenas cerca de 800 mil euros se as luminárias usadas fossem todas de tecnologia LED. É má gestão.
Ao longo da última década muitos municípios têm vindo a substituir as velhas luminárias de vapor de sódio e de mercúrio por luminárias altamente eficientes de tecnologia LED (light-emitting diode), atingindo poupanças superiores a 60%, com períodos de retorno de 5 a 6 anos. Recorde-se que foi com esse objetivo que, em 2013, o Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra tentou envolver a CMC num projeto-piloto de contratos de desempenho energético, em andamento no âmbito do projeto europeu Transparense. A CMC, pela mão do Partido Socialista, escolheu nada fazer.
Com um investimento inferior a 10 milhões de euros ter-se-ia conseguido uma redução da fatura de eletricidade em cerca de 1,5 milhões de euros por ano. Como passaram oito anos, já se teriam poupado cerca de 12 milhões de euros pelo que, como os juros estão muito baixos, o investimento estaria pago e o concelho teria mais 1,5 milhões para investir, todos os anos.
Em vez disto, em 2017, a CMC celebrou um protocolo com a EDP para substituir progressivamente as luminárias por tecnologia LED. Contudo, e sendo esta empresa a fornecedora de energia elétrica à CMC para fins de iluminação pública, esta tem interesse direto em vender mais energia e em retardar e prolongar o mais possível essa substituição no tempo. Por isso, e face aos objetivos pouco ambiciosos estabelecidos por esta empresa, e que passam pela substituição de pouco mais de 200 mil luminárias por ano em todo o país, o ritmo de substituição é tão lento que levará décadas a cobrir todo o concelho.
A inércia do executivo socialista custa muito caro ao concelho de Coimbra.
Face a todo este cenário importa também perguntar: Desde 2008, quando foi quebrado o contrato de fornecimento de energia pela EDP, qual o valor da renda paga pela EDP à CMC pela utilização da rede de baixa tensão? Quantos pontos de luz já foram substituídos por tecnologia LED? Quem toma as decisões sobre a tecnologia que está a ser adotada em Coimbra? Quanto já se conseguiu poupar? Qual o prazo temporal previsível para alargar a rede a todo o concelho? Estas foram algumas das questões dirigidas pela vereadora Ana Bastos ao presidente da autarquia, Manuel Machado, que ficaram, mais uma vez, sem qualquer resposta.
Coimbra, que em 2014 ambicionava ser a 1ª cidade do mundo 100% LED, prepara-se afinal para ser a última. A análise das GOP relativas aos últimos anos, na rubrica “Sistema de iluminação pública eficiente no Município de Coimbra”, demonstra que esta temática não é prioritária para a autarquia. Se em 2019 era prevista a verba de 500mil euros, essa verba desceu para 10 euros em 2020 e 75mil em 2021. Enquanto Coimbra parou no tempo, cerca de 40% dos municípios, de norte a sul do país, recorrendo a diferentes fontes de financiamento, a parcerias ou a empréstimos bancários, concretizaram total ou parcialmente a substituição das luminárias tradicionais por tecnologia avançada LED.
De forma a contrariar esta tendência, o Somos Coimbra propôs várias medidas para a instalação de um sistema de iluminação pública eficiente e inovador assente em tecnologia LED e num sistema de telegestão; bem como sugeriu à CMC a criação da Agência de Energia de Coimbra, que estude este e outros mecanismos que, não só podem poupar muito dinheiro ao município, como são uma contribuição forte na luta contra as alterações climáticas e diminuem a grave dependência energética externa de Portugal.
Uma Câmara bem gerida pode fazer muito mais e muito melhor pelo concelho e pelos habitantes de Coimbra.
Somos Coimbra
31 de março de 2021
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