Posição do Somos Coimbra sobre o Estudo Prévio da Alteração de Circulação e Estacionamento na Avenida Elísio de Moura, apresentado na Reunião de Câmara de 12 de julho de 2021
Apesar das novas políticas de gestão do tráfego urbano promoverem o uso dos transportes coletivos e modos suaves em detrimento do veículo automóvel, é importante reconhecer que a Av. Elísio de Moura apresenta um conjunto de disfunções, pelo que carece de requalificação paisagística e da adoção de medidas que permitam disciplinar e aumentar a oferta de estacionamento. A retificação do traçado levado a cabo, no âmbito da construção da circular externa e que se traduziu na criação de uma via paralela local, permitiu mitigar os graves problemas de segurança que aí se concentravam, mas ainda assim subsistem problemas que carecem de resolução urgente.
Embora o MetroBus, com paragem na Avª Fernando Namora, cubra parte da Avª Elísio de Moura, os 500m que separam o Posto da PSP dessa paragem, sinalizam o limite da área de cobertura deste novo modo de transporte, pelo que o veículo automóvel tenderá a manter-se como o modo preferencial de deslocação no trecho objeto de estudo. Ainda assim, importa que esta Câmara invista em modos alternativos, onde a bicicleta elétrica se afirma como o modo privilegiado para percorrer a “last mile”.
Assim, o Somos Coimbra revê-se nos princípios gerais que sustentam a reformulação proposta, designadamente a necessidade de expansão da rede de ciclovias, o controlo da velocidade de circulação, a melhoria das condições de circulação pedonal e o aumento e diversidade das espécies arbóreas e arbustivas.
Contudo identificam-se algumas medidas/alterações que, se adotadas, em muito poderão beneficiar o projeto final.
A via paralela descendente assegura funções de distribuidora principal, já que assegura, entre outras, a ligação entre o Tovim/R. Brigadeiro Correia Cardoso e a zona da Solum/Vale das Flores/Portela. Seria importante desclassificá-la para acesso local, mas para isso seria indispensável retirar de lá, todo o tráfego de atravessamento. Assim propõe-se a criação de uma abertura do separador e a materialização de uma inserção direta da via paralela, na faixa de rodagem da circular externa, assim que terminam os muros dos encontros associados ao nó do Tovim (a cerca de 150m da rotunda). Essa inserção para além de desviar, a montante todo o tráfego de atravessamento, reduzindo o volume de tráfego na via local, confere melhores níveis de serviço ao tráfego de passagem;
Essa desclassificação abre uma janela de oportunidade para requalificação da via paralela, transformando-a num acesso local, projetado para uma velocidade de base de 30km/h. A manutenção da linearidade da avenida associada a uma inclinação de cerca de 9%, tal como previsto no projeto submetido, não permitirá controlar a velocidade de circulação, prevendo-se mesmo a geração de acidentes entre veículos em circulação e os estacionados. Sugere-se a materialização de gincanas compatíveis com a velocidade de projeto, por alteração da disposição dos estacionamentos de forma alternada de ambos os lados da avenida (ora paralelo ora em espinha do lado direito, conjugado com espinha e paralelo do lado direito). Deve ainda aproveitar-se as seções de transição da disposição do estacionamento, para criação de canteiros que permitam aumentar as áreas de verde e assim quebrar a dominância do veículo automóvel, no espaço público.
Complementarmente deve proceder-se à substituição, mesmo que parcial, do material do pavimento, por exemplo através da criação de plataformas, de forma a através de lombas e trepidação se conseguir controlar de forma natural, a velocidade de circulação.
Os dois parques de estacionamento propostos não servem diretamente a avenida. Por isso a sua atratividade dependerá da facilidade, atratividade e segurança do percurso pedonal associado. No caso do parque junto à PSP, propõe-se que a escadaria seja localizada no encaminhamento do atravessamento semaforizado, evitando assim a criação de circuitos anti-naturais.
A ciclovia, por ser bidirecional, deve garantir a largura mínima absoluta de 2,2m, preferencialmente 2,4m. Os 2m previstos para além de não garantirem o cruzamento de dois ciclistas em direção oposta, é neste caso ainda mais subdimensionada, pela inclinação longitudinal da avenida que obriga a maiores oscilações transversais;
A substituição dos pinheiros do separador central por outras espécies arbóreas, a ser levada a cabo, dada a sua dimensão atual, deve ser feita de forma alternada e gradual, minimizando assim os impactes visuais e ambientais. As plantações devem iniciar-se pela plantação de árvores nas caldeiras vazias.
Apesar destas deficiências de base, o Somos Coimbra irá votar favoravelmente este estudo prévio, na expectativa que nas próximas fases do projeto as sugestões aqui apresentadas tenham merecido avaliação técnica e se se julgar favorável, a sua inclusão na solução final, com claros benefícios para a requalificação paisagística e funcional da zona e da cidade.
Os vereadores do Somos Coimbra
Ana Bastos
José Manuel Silva
12 de julho de 2021
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